“Um Grito Parado no Ar” – Teatro como Resistência e Reflexão

Texto por: Gabi Risso

Dia 17 de Janeiro de 2025, a gente saiu de casa pra ir ao teatro do Sesc Bom Retiro assistir à estreia de “Um Grito Parado no Ar”, peça escrita por Gianfrancesco Guarnieri em 1973, dessa vez montada pelo Teatro do Osso.

Pra quem já segue o Teatro em Escala, sabe que eu – Gabi, tenho uma admiração particular pelo ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, então receber o convite pra essa montagem de um texto tão importante gerou grandes espectativas. A melhor parte disso tudo, é que eu não me decepcionei.

A montagem dirigida por Rogério Tarifa é uma experiência que mistura passado e presente de forma impactante e que não vejo no palco faz um bom tempo. A obra, escrita durante o período do governo militar brasileiro, mantém sua força crítica na adaptação atual, mostrando como os desafios da arte e do artista continuam décadas depois.

Um grito parado no ar – Foto Cacá Bernardes

No palco, acompanhamos um grupo de artistas que luta para montar uma peça de teatro a apenas dez dias da estreia. Enquanto ensaiam, enfrentam pressões externas como dívidas, falta de recursos e a constante ameaça da censura. Esses obstáculos eram comuns quando a peça foi escrita e encenada pelo Teatro de Arena, e hoje, ganham um novo olhar na adaptação de Tarifa.

As dificuldades financeiras e a precariedade do fazer artístico, tão presentes na narrativa, são o dia-a-dia de muitos artistas ainda hoje. A obra nos lembra que, mesmo em tempos difíceis, o teatro permanece. É um espaço de fala pra todos. A adaptação usa o livre improviso na voz dos novos artistas que compõe o coro, que trazem à luz questões atuais, como a luta por representatividade e a importância da arte como ferramenta de transformação social.

Um grito parado no ar – Foto Cacá Bernardes

O que me chamou muito a atenção e me tirou diversos sorrisos foi a forma atenciosa e cheia de carinho em que o diretor traz à cena os artistas que um dia encenaram a peça de Guarnieri no Teatro de Arena. Esse resgate histórico, particularmente, me encheu o coração. Assistir aos textos dos gênios nacionais é sempre uma experiência importante, mas saber mais de quem criou, quem deu vida a tudo aquilo pela primeira vez é mágico, e o Teatro do Osso foi completamente feliz ao fazer essa escolha.

Um grito parado no ar – Foto Cacá Bernardes

O elenco entrega performances vibrantes e cheias de verdade. Fica nitido pra quem assiste o quanto a pesquisa foi profunda e comprometida. A cenografia e a iluminação reforçam a ideia das dificuldades e resistência, criando um ambiente que envolve o espectador do início ao fim. As cenas que vemos nos telões e também no palco deixa claro que olhar para o passado pode dar luz às falas do presente e nos preparar para a busca de um futuro.

O grupo teve tanto tempo de dedicação à pesquisa, que além do espetáculo que assistimos, ainda somos convidados a acessar o https://teatrodoosso.com.br/ e nos deleitar com a exposição online criada pelo grupo. No site, eles disponibilizam o material de pesquisa que usaram pra construir esse trabalho.

Se eu puder dar uma dica: separa um tempo e um bloco de notas porque o conteúdo é maravilhoso!

“Um Grito Parado no Ar” é mais do que uma peça de teatro: é um manifesto sobre a importância da arte, a importância de olhar para o legado dos que se foram e entender qual o dever do artista no presente. A obra nos convida a refletir sobre o papel do teatro como espaço de transformação, lembrando que mesmo quando parece que tudo está parado, a arte continua gritando.

Ao Teatro do Osso, o muito obrigada dessa espectadora que se sentiu mais completa quando saiu do teatro, e MUITA MERDA pra vocês!

Sinopse
Um grupo de artistas ensaia uma peça a dez dias de sua estreia. Enquanto pressões externas ameaçam o andamento da produção, a trama reflete a precariedade e a persistência da arte em tempos complexos. Com improvisações baseadas em relatos reais de moradores da cidade, o espetáculo revela as tensões sociais e econômicas que permeiam o cotidiano, reafirmando o teatro como espaço de resistência e transformação.  

Ficha técnica do espetáculo:
Direção: Rogério Tarifa. Dramaturgia: Jonathan Silva, Rogério Tarifa e Teatro do Osso. Direção de Atores: Luis André Cherubim e Rogério Tarifa. Texto original: “Um Grito Parado no Ar”, de Gianfrancesco Guarnieri. Elenco: Guilherme Carrasco, Isadora Títto, Maria Loverra, Oswaldo Ribeiro Acalêo e  Rubens Consulini. Atriz convidada: Dulce Muniz. Coro: Dan Nonato, Thiego Torres, Ísis Gonçalves, Marcela Reis, Nduduzo Siba, Rommaní Carvalho, Sofia Lemos e Wilma Elena. Direção musical e treinamento vocal: William Guedes. Composições originais: Jonathan Silva. Músicos: Gabriel Moreira, Felipe Chacon e Ju Vieira. Direção de movimento e treinamento: Marilda Alface. Direção de Arte: Rogério Tarifa. Cenário: Diego Dac e Rogério Tarifa. Figurino: Juliana Bertolini. Desenho de som: Duda Gomes. Produção Executiva: Carolina Henriques. Diretor de palco: Diego Dac. Técnico de Palco: Diego Leo.Iluminação: Marisa Bentivegna. Técnico de Luz: Marina Gatti. Técnico de som: Duda Gomes. VJ: Lui Cavalcante.Assistente de Produção: Julia Terron. Assistente figurino: VI Silva. Assistente de cenário e adereços: Luana Miyamoto. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Fotos: Mauricio Bertolin e Cacá Bernardes. Registro em vídeo e teaser: Carolina Romano. Designer gráfico: Fábio Vieira. Ilustração: Elifas Andreato. Realização: Teatro do Osso. Produção: Jessica Rodrigues Produções Artísticas. Direção de Produção: Jessica Rodrigues.

Serviço: Um Grito Parado No Ar
Estreia dia 17/1, sexta, às 19h30. Temporada até 16/2.
De Sexta a domingo. Sextas e sábados, 19h30. Domingos, 18h.
Local: Sesc Bom retiro. teatro (291 lugares). 14 anos. Duração: 2h30m sem intervalo.
Valores: R$18 (Credencial Plena), R$30 (Meia) e R$60 (Inteira).
Sessões com acessibilidade: Audiodescrição: dia 1/2, sábado, às 20h. Libras: 2/2, domingo, às 18h.
Venda de ingressos disponíveis pelo APP Credencial Sesc SP, no site: sescsp.org.br/bomretiro, ou nas bilheterias. 

Debate: Um Grito parado no Ar de 1973 a 2025
Com Renato Borghi, Dulce Muniz e Sônia Loureiro. 
Mediação Rogerio Tarifa.
Dia 12/2. Quarta-feira, às 19h.
Local: Teatro (291 lugares). Livre. Grátis.

ESTACIONAMENTO DO SESC BOM RETIRO – (Vagas Limitadas)
O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com necessidades especiais e bicicletário. A capacidade do estacionamento é limitada. Os valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda Cleveland, 529.
Valores: R$8 a primeira hora e R$3 por hora adicional (Credencial Plena). R$17 a primeira hora e R$4 por hora adicional (Outros). Valores para o público de espetáculos: R$ 11 (Credencial Plena). R$ 21 (Outros).
Horários: Terça a sexta: 9h às 20h. Sábado: 10h às 20h. Domingo: 10h às 18h.
IMPORTANTE: Em dias de evento à noite no teatro, o estacionamento funciona até o término da apresentação.

TRANSPORTE GRATUITO
O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito circular partindo da Estação da Luz. O embarque e desembarque ocorre na saída CPTM/José Paulino/Praça da Luz.
Consulte os horários disponíveis de acordo com a programação no link: http://tinyurl.com/3drft9v8
Fique atento se for utilizar aplicativos de transporte particular para vir ao Sesc Bom Retiro! É preciso escrever o endereço completo no destino, Alameda Nothmann, 185, caso contrário o aplicativo informará outra rota/destino.

Sesc Bom Retiro: Alameda Nothmann, 185. CEP 01216-000. Campos Elíseos, São Paulo – SP. Telefone: (11) 3332-3600

Deixe um comentário

Um site WordPress.com.

Acima ↑