Dicionário

A

Aderista Técnico que fabrica e transforma os adereços. É a pessoa encarregada dos adereços no teatro.

Adereço de cena – Objeto que decora a cena e é aposto no cenário. Objeto que ornamenta um cenário numa representação de teatro. Objeto que decora a cena como adorno para situar a época, a condição econômica, social ou política das personagens.

Advertência – texto marginal do autor dramático quando se dirige ao leitor para o advertir das suas intenções, para precisar as circunstâncias do seu trabalho, analisar a sua obra .

Agon – termo da Comédia antiga (Aristófanes)para designar o diálogo central de um conflito entre inimigos. Hoje o termo é mais lato referindo-se ao ponto central de uma história, ao coração de um drama.

Amador – Diz-se do que faz teatro, normalmente nas sociedades recreativas, sem remuneração. Ao longo dos tempos, frequentemente, os grupos de teatro amador “forneceram” atores ao teatro profissional. Ator ou atriz não profissional, que pratica a sua arte sem visar lucros

Anfiteatro – Recanto, geralmente circular ou semicircular, com arquibancadas ou filas de assentos em semicírculo, tendo ao centro um estrado, o palco onde se fazem representações.

Antagonista – Personagem em oposição ao conflito. O caracter antagonista do universo teatral é um dos princípios essenciais da forma dramática.

Antecipar-se – Diz-se quando o ator reage antes do tempo da sua intervenção na cena, prejudicando a sequência da mesma, o que poderá comprometer o entendimento da representação e/ou do espetáculo.

Anti-herói – Personagem principal que não corresponde ás características ou aos valores do herói tradicional.

Antiteatro – ermo geral que designa uma dramaturgia e um estilo de jogo dramático que nega todos os princípios da ilusão teatral. O termo aparece nos anos cinquenta, nos começos do teatro do absurdo.

Aparte – Observação ou reflexão que um personagem faz a si mesmo, ou para o público, quando está em cena com outros personagens, sem que estes, supostamente o oiçam. Frase curta pronunciada de forma convencional para não ser “escutada” pelos demais personagens em cena, mas suficientemente audível para a plateia.

Aplausos – Demonstração de agrado por parte da plateia, por meio de palmas, bravos.

Argumento – Pode ser considerado um resumo da peça, ou melhor, da história da peça, que visa informar o público (normalmente no início) sobre a história que lhe será contada.

Arquétipo – Personagem que se assume como modelo mítico do imaginário de um povo Que está acima de um modelo real.

Aristotélico – Termo usado para designar uma dramaturgia baseada na ilusão. Tornou-se sinônimo de teatro dramático.

Armar um cenário – Enquadrar os bastidores, ilhargas e biombos, atar e pendurar da teia as rotundas, bambolinas, fraldões e telões de fundo necessários a uma cena. Ação de montar o cenário; preparar o ambiente físico para a representação.

Arquitetura Teatral – Diz-se da complexa especialidade que é a construção, decoração e equipamento de um teatro, no seu conjunto de instalações de serviço e para uso público, bem como do exterior.

Arrumador – O assistente da sala que leva os espectadores aos seus lugares.

Articular – Pronunciar de forma clara as palavras não desvirtuando a língua.

Assoalho – O piso do palco. Deve ser feito de madeira, por alguns motivos importantes: facilidade de fixação do cenário, som, estabilidade dos atores.

Ato – Divisão da peça em partes de importâncias iguais. As peças podem ser de um ato a vários atos. O ato cria estrategicamente um intervalo que serve para a troca de cenários e “desliga” momentaneamente a plateia da tensão do espetáculo.

Ator/Atriz – aquele que cria, interpreta e representa uma ação dramática. É o principal agente de expressão ou comunicação num espetáculo teatral. O texto teatral, em princípio, só adquire vida ao ser animado pelo ator. É ele que empresta plenitude física e espiritual ao texto do dramaturgo, usando o seu corpo e a sua voz para comunicar ao público a personagem que interpreta.

Atuação – Diz-se da representação de determinado ator/atriz. Interpretação de uma personagem.

Audição – Destina-se a escolher, através de provas práticas, atores para representar uma personagem e integrar um espetáculo.

B

Balaustrada – Elemento de decoração do cenário que reproduz um patamar ou varanda.

Bambolina – Faixa de pano, geralmente em flanela preta, que atravessa o palco em largura para encobrir projetores e demais maquinaria suspensa. Uma das vestimentas suspensas sobre toda a extensão do palco, que evita o vazamento do urdimento e define a altura do palco, em tecido de pouca altura e comprida. A bambolina mestra é uma peça em tecido, estruturada ou não, suspensa sobre a frente do palco e imediatamente atrás do quadro do proscênio, regulando a altura da boca de cena.

Banca – A mesa de caracterização, com espelho iluminado que há nos camarins.
Mesa no camarim, junto ao espelho, onde são colocados os apetrechos de maquilhagem e todo o material necessário para o/a artista se transformar na personagem – cabeleiras, adereços…

Bastidores – Diz-se, genericamente, dos espaços do palco fora da vista do público. Espaço interno do palco, em volta do cenário, por onde circulam atores e outros profissionais durante o espetáculo.

Bifão – o texto de um personagem muito extenso.

Black-out – Expressão inglesa que designa o escuro total no palco e na sala.

Boca de Cena – Frente do palco. Vão aberto na caixa cênica que define a máxima abertura do palco, que pode ser reduzida em altura e largura pela bambolina mestra e pelos reguladores.

Bufão – Presente na maioria das comédias. Apresenta a sociedade e os seus vícios de forma grotesca. O excesso e exagero são marcas deste tipo de personagem.

Burlesco – forma cômica exagerada e de paródia, empregando expressões triviais para travestir personagens e situações heróicas; a epopeia burlesca aparece em França no século XVIII. No seculo XX, o burlesco encontra a sua prefeita expressão em certos filmes cômicos (ex:Charlie Chaplin, Buster Keaton) e nos espetáculos de “music-hall”.

C

Cabeleireiro – Profissional que executa os penteados de época ou contemporâneos exigidos pela concessão do espetáculo. Profissional especializado no arranjo das cabeleiras e dos penteados dos intérpretes. É quem, em momentos especiais, se responsabiliza pela confecção das cabeleiras, postiços e demais apliques a serem usados pelos intérpretes, em cena.

Cabine – Compartimento geralmente existente ao fundo do palco e de onde operam o luminotécnico e o sonoplasta.

Camareira (o) – profissional que cuida das roupas dos personagens e os auxilia a vestirem os figurinos.

Camarim – Local onde os atores trocam de roupa e se maquiam antes da apresentação.

Canevas – O canevas é o resumo (o roteiro*) de uma peça, para as improvisações dos atores, em particular na Commedia dell’arte*. Os comediantes usam os roteiros (ou canovaccios) para resumir a intriga, fixar os jogos de cena, os efeitos especiais ou os lazzi*. Chegaram até nós coletâneas deles, que devem ser lidos não como textos literários, mas como partitura constituída de pontos de referência para os atores improvisadores.

Canhão seguidor – Refletor de grande potência com movimento manual utilizado para acompanhar atores, bailarinos etc.

Cantar o texto – Diz-se quando o ator por inexperiência ou falta de técnica imprime à forma de dizer uma cadência desadequada que resulta numa sonoridade desagradável e repetitiva. Em vez de passar ao público a ideia contida no texto, embala-o numa cantilena inconsequente.

Canto – Do teatro grego, termo para designar o texto poético de coro. No teatro de Brecht aplicava-se também o canto embora com intenção parcialmente diferente.

Carácter – Traço próprio a uma pessoa que a permite distinguir dos outros. Conjunto de traços físicos, psicológicos e morais de um personagem. Pessoa ou personagem considerada na sua individualidade, originalidade, nas suas qualidades morais. Os caracteres constituem, segundo Ariosto, um dos seis elementos da tragédia, com o canto, elocução (estilo do discurso), a fábula, o pensamento e o espetáculo.

Caracterização – A pintura da cara do ator, com ou sem emprego de postiços ou cabeleiras de acordo com a personagem que vai interpretar. Preparação física e psicológica do ator para viver a sua personagem. A arte e a técnica utilizadas pelo artista, valendo-se de recursos materiais como cosméticos, adereços, máscaras, indumentárias, para adquirir as características físicas que completarão a figura da personagem.

Carnavalização – Transformação espetacular de um evento por um reverso total de situações habituais, do sério para o cômico.

Cartaz – Peça publicitária para ser afixada em locais públicos, anunciando um espetáculo; anúncio. Estar em cartaz: expressão que serve para indicar que determinado espetáculo está em exibição num teatro, durante uma temporada.

Catarse – Uma das finalidades e conseqüências da tragédia; Ato de evacuação e descarga afetiva que resulta numa lavagem e purificação por regeneração do ego que percebe.

Catharsis –  No teatro grego é considerada a última parte da tragédia, quando o herói morre ou paga de forma trágica pelos seus erros. Nem sempre significa morte, e sim a conclusão da ação.

Catástrofe – Da tragédia grega, última das quatro partes da obra, onde o herói recebe a sua punição, geralmente funesta.

Cena – Termo designando o espaço de atuação, parte ou divisão de um ato onde não está previsto nenhuma mudança de personagens.

Cenário é a decoração teatral criada pelo cenógrafo que dá a ideia do acontecimento.

Cenografia – Arte e ciência da organização do palco e do espaço teatral para a encenação.

Cenógrafo – O autor do cartão ou maquetas do cenário. Supervisiona a sua construção e montagem. Técnico responsável pelo projeto dos cenários de um espetáculo, podendo ser ou não um artista plástico ou até mesmo um arquiteto. O cenógrafo não só cria, como deve acompanhar a construção dos cenários.

Charriot – Estrado praticável, montado sobre rodas, destinado a uma mutação rápida, parcial ou total da cena podendo entrar pelos lados ou pelo fundo do palco.

Ciclorama – Armação de metal ou compensado de madeira, em forma semicircular, abrangendo todo o fundo do palco. Serve, quando convenientemente iluminado, para dar a ilusão de céu, horizonte ou infinito, bem como, em casos especiais, para a projeção de efeitos cenográficos. Surgiu em meados do século XIX, para substituir as arcaicas “bambolinas de ares”, chegando a influenciar a técnica da decoração cênica.

Cinestesia – Também conhecida como Kinestesia, é a percepção consciente da posição ou dos movimentos e de seu próprio corpo graças ao sentido muscular e ao ouvido interno.

Coadjuvante – Papel secundário; Ator cuja única função e valorizar seus parceiros.

Comédia – Ação cênica que provoca o riso pela situação das personagens ou pela utilização de trejeitos e dos caracteres, cujo desfecho é feliz.

Comédia satírica – Tipo de peça que critica a sociedade ou a política de forma cômica.

Comédia Dell’arte – Forma teatral com início no séc. XVI, que se baseava no improviso e exigia muitas habilidades dos atores, como canto, dança e até malabarismo. Tinha personagens fixos e um ator passava, muitas vezes, a vida inteira interpretando o mesmo personagem.

Contexto – Conjunto de circunstâncias que rodeiam a emissão do texto linguístico e/ ou da sua representação, circunstâncias que facilitam ou permitem a sua compreensão.

Contracena – O jogo de cena de um ator com outro.

Contracenar – Atuar em cena em simultaneidade com outro ou outros atores, dando-lhes ou não réplica. Ação e reação de um ator ou grupo de atores, enquanto outro conduz a cena principal, com o objetivo de manter a continuidade dramática;  Ação ou diálogo secundário entre dois ou mais intérpretes, paralelo à ação principal; Cena simulada; cena muda de um ator, fisionômica ou expressiva, em relação ao que escuta ou lhe está no pensamento; ato de um intérprete escutar o seu oponente sem interferir com falas; fingir que dialoga enquanto os demais atores falam e agem.

Contraponto – Série de linhas temáticas ou de intrigas paralelas que se correspondem num princípio de contraste.

Contrarregra – é o responsável por colocar em cena os elementos cênicos e os efeitos especiais, cuida da limpeza, reparos e luzes para o começo do espetáculo. Durante o espetáculo segue o guião, dá os sinais para início e final do espetáculo e para a execução das tarefas dos demais técnicos e entrada dos atores em cena. É ao contrarregra, que compete providenciar todo o material, tanto de apoio como de uso da cena e dos atores no momento do espetáculo, incluindo a decoração de cena, com tudo o que for necessário para caracterizar o ambiente – móveis, peças decorativas e outros adereços adequados para a perfeita realização da trama prevista pelo texto. 

Coreografia – termo, vindo do teatro grego que designava a arte de dirigir os coros, utilizada depois no começo do século XVIII , para designar a arte de compor as danças e de regular as figuras e os passos. Hoje em dia utiliza-se este termo para designar a encenação do teatro gestual e mesmo do ballet.

Coro – Grupo ou grupos alternados, encarregados de intervir coletivamente, por meio do canto, da dança e o recitativo, dentro do “quadro” de um ritual ou de um espetáculo. No teatro grego, a intervenção dos coreutas, dirigido por um corifeu, dá-se o nome de “Choreia”.

Corifeu – Chefe do coro, no teatro grego.

Cortineiro – profissional que manipula as cordas que movimenta as cortinas.

Coxia – Espaços de serviço e circulação não visíveis ao público, localizados nos extremos laterais e de fundo do palco, determinando o movimento de cenografia e acesso de atores. As laterais com uma dimensão mínima da metade do palco e o fundo com espaço suficiente para passagem de atores.

D

Declamação – Forma tradicional de designar a arte ou o modo de uma pessoa dizer poesias. Aplicada ao teatro, é o ato de o intérprete dizer o seu papel.

Decorar – Memorizar o papel. É um dos requisitos para desempenhar a função de ator.

Deixa – são as três ultimas palavras do texto marcadas antes de dar início a uma nova fala ou ação.

Deixar cair os finais – Diz-se quando o ator ao dizer a sua fala num determinado tom e inflexão não mantém o mesmo volume e energia na elocução do texto, provocando um abaixamento do final da frase, o que denuncia uma técnica deficiente na forma de dizer o texto.

Deus ex machina – Do latim, significa literalmente “o deus que desce numa máquina”. É uma noção dramatúrgica que motiva o fim da peça pelo aparecimento de uma personagem inesperada.

Diálogo – Conversa entre dois personagens. Encaixe de palavras trocadas pelas personagens de uma peça de teatro.

Dicção – É o modo como a pessoa articula e pronuncia as palavras da língua portuguesa. Deverá corresponder a uma pronúncia clara e a uma correta entoação. Técnica de uso da voz que permite ao ator dizer o seu texto com entendimento e clareza. Conforme a maneira de o ator emitir o seu som (a sua fala), a dicção pode ser bonita, feia, engraçada, ou truncada. A boa dicção só é conseguida com treino intensivo, através do qual o ator consegue dominar o seu instrumento de trabalho com grande precisão.

Didascal – Nome dado na Grécia àquele que ensinava uma arte, nomeadamente a arte dramática.

Didascálias – No teatro grego eram as instruções dadas aos atores pelo dramaturgo. Hoje são conhecidas na dramaturgia como rubricas ou indicações cênicas.

Diegese – Imitação de um evento em palavras, que contam uma história sem representação dos personagens. O termo é de origem grega e foi divulgado pelos estruturalistas franceses para designar o conjunto de ações que formam uma história narrada segundo certos princípios cronológicos.

Diretor – A pessoa responsável por ensaiar os atores, devendo estar atento a toda as áreas que contribuem para uma representação eficaz: voz, articulação, movimento e domínio do espaço cênico.

Distanciação – Efeito teatral pelo qual o ator ou o encenador tentam evitar a identificação a um personagem ou a uma situação em particular. Efeito obtido por diversos processos de recuo, como “dirigir-se ao público”, a fabula épica, utilização de gestos sociais, as canções, técnicas de luz, etc.

Ditirambo – Na antiguidade era o canto lírico para glorificar Dionísio. Evoluiu até chegar à tragédia. O Ditirambo (“hino em uníssono”), consistia numa ode entusiástica e exuberante dirigida ao deus, dançada e representada por um coro de 50 homens (cinco por cada uma das tribos da Ática) vestidos de sátiro (meio homem, meio bode, uma espécie de servo de Dionísio). O Ditirambo foi evoluindo para a ficção, para o drama, para a forma teatral, como a conhecemos hoje. Quem dirigia o ditirambo ia juntando gradualmente relatos de façanhas de heróis que tinham passado grandes tormentos pelo seu Povo.

Drama – Ação cênica representada por personagens.

Dramaticidade – Carater do que é dramático; qualidade de um texto, de um espaço ou de um acontecimento que são susceptíveis de se porem em cena.

Dramaturgo – Autor de um texto dramático.

Dramaturgia – Ofício de elaborar um texto com o objetivo de transpô-lo para os palcos, apresentando diante de um público as ideias contidas nesta obra. A palavra drama vem do grego e significa ação. Desse modo, o texto dramatúrgico é aquele que é escrito especificamente para representar a ação.

Dramatização – Adaptação de um texto qualquer para um texto dramático destinado ao palco.

E

Efeito de destaque – Pôr em primeiro plano um fenômeno fazendo realçar a estrutura artística da mensagem.

Elementos cênicos – objetos que os atores usam para interpretar a cena. Exemplos: capacete, cadeiras, vassoura, copos

Elenco – O conjunto de atores e atrizes, figurantes e técnicos que participam da montagem de um espetáculo.

Encenação – Designa o complexo de atividades criativas necessárias para que um espetáculo se realize. Jacques Copeau teorizou, dizendo: “Por encenação compreendemos o desempenho de uma ação dramática. É o conjunto dos movimentos, dos gestos e atitudes, o acordo das fisionomias, das vozes e dos silêncios, é a totalidade do espetáculo cênico, emanado de um pensamento único, que concebe, governa e harmoniza”.

Encenador – Profissional com formação e informação adequadas para a realização técnica e estética do espetáculo. É aquele que define a linha artística do trabalho na direção do elenco, determinando sobre cenários, orientando figurinos, opinando sobre a iluminação, tendo, enfim, uma visão geral da obra a ser vista pelo público; sinônimo de diretor, é o artista que concebe o espetáculo como um todo, a partir de um texto dramático ou de outra proposta que possa prescindir do roteiro literário.

Ensaio – Treino metódico e sistemático feito com atores e técnicos, sob a orientação de um diretor teatral, visando a encenação de um espetáculo.

Ensaio à italiana – Diz-se do ensaio que se realiza sem movimentação, no qual, só o texto é dito o mais rapidamente possível. Intervêm todos os atores. Também pode realizar-se parcelarmente ou por cenas.

Ensaio Corrido – Diz-se de um ensaio que se realiza sem interrupções. Ensaio feito com a movimentação das personagens/atores toda estabelecida, e ajustados os elementos da direção: serve para cronometrar o tempo do espetáculo e imprimir-lhe o ritmo desejado.

Ensaio de leitura – Nos ensaios de leitura ou à mesa, servem para todos os participantes contactarem com o texto que vai ser dramatizado. Permitem, nalguns casos, fazer uma escolha dos papéis em função do modo como cada participante lê e da forma como a voz e a personalidade de cada participante se adéqua à personagem, ainda que, geralmente a distribuição dos papéis seja feita antecipadamente.

Ensaio geral – Normalmente é o último ensaio antes da estreia do espetáculo, em que é estabelecido o ritmo geral. Esse ensaio é basicamente um espetáculo experimental, com todos os elementos em funcionamento, momento em que são regulados e definidos todos os efeitos de luz e som, permitindo um balanço antecipado do espetáculo.

Entremez – Peça de curta duração, de gênero burlesco ou jocoso, apresentada em festas ou entre atos de peças de teatro onde eram representados personagens do povo.

Entreato – qualquer tipo de entretenimento como sketches, números musicais e circenses – encenados entre os atos de uma peça maior. O entreato, embora tenha funções técnicas, também tinha funções sociais, como no Renascimento, onde os espectadores se encontravam e conversavam. Daí surgiu o ritual do foyer na Ópera.

Épico – Diz-se de uma fábula tirada da vida dos homens, é engrandecida e tratada de tal maneira, nomeadamente por ajustes ideológicos, que é impossível para o espectador de se identificar com o herói ou com a situação.

Epílogo – Discurso recitativo no fim de uma peça.

Episódios –  Capítulos da tragédia grega entre o prólogo e o êxodo e entre as intervenções cantadas e dançadas do coro.

Escrita dramática – Estrutura literária que se funda sobre alguns princípios dramaturgicos: separação de papéis, diálogos, tensão dramática, ação dos personagens.

Espaço cênico – Espaço proposto sobre a “cena” pelo cenógrafo e seus colaboradores.

Espetáculo –  Representação teatral, ou qualquer exibição pública ou privada de uma obra dramática.

Estética – Filosofia do belo. O seu objeto é o bom e a verdade. Estudo que se dedica a definir os critérios de julgamento em matéria de poesia e arte.

Estreia – Exibição do espetáculo perante o público pela primeira vez.

Euritmia – A euritmia é a linguagem e a música em movimento, poesia e arte enquanto o corpo faz gestos limpos com graça e força. Ela foi criada por Rudolf Steiner (também criador da pedagogia Waldorf) no século XX, baseada dos novos impulsos da revolução artística daquela época.

Êxodo – Canto coral de saída.

Expressão vocal – Trabalho da voz. A escolha adequada das inflexões (a forma como modulamos a voz para comunicar com os outros) ajuda a construir as personagens, a fazê-las “saltar” do texto para o espaço cênico, ou seja, a dar-lhes vida: corpo e alma. Uma voz bem preparada permite falar corretamente, com melhor articulação, projeção e confiança, ou seja, podemo-nos fazer ouvir melhor e mais longe, num espaço de representação ou em qualquer lugar.

F

Fábula – Conjunto de fatos que constituem o elemento narrativo de uma obra. Um dos seis elementos da tragédia, segundo Aristóteles, com os caracteres, o canto, a elocução, o pensamento e o espetáculo.

Fagote – É um instrumento de sopro pertencente ao grupo das madeiras. Ele possui o sistema de palheta dupla e está presente na orquestra sinfônica.

Farsa – Comédia trivial muitas vezes caracterizada por uma série de enganos e que terminava muitas vezes com pancadaria.

Fatalidade – Força sobrenatural pela qual tudo o que acontece (sobretudo desagradável) é predestinado e determina todos os acontecimentos de uma maneira inevitável. A fatalidade é o motor da tragédia grega.

Féerie – Gênero teatral de origem francesa conhecido pelos enredos fantásticos e pelos efeitos visuais que incluíam cenários sumptuosos e efeitos mecânicos no palco. As peças juntavam música, dança, pantomina e acrobacias, assim como números de magia encenados por cenógrafos e técnicos para contar histórias melodramáticas. O gênero surgiu no início do séc. XIX e tornou-se muito popular em França, influenciando o desenvolvimento do burlesco e da comédia musical.

Ferradura – Nome dado à forma habitual da plateia nos teatros à italiana.

Ficção – Forma do discurso que faz referencia a um universo conhecido. Mas através de pessoas e eventos imaginários.

Figurantes – As pessoas que entram em cena caracterizadas e vestidas como convém, mas que nem falam nem cantam.

Figurinos e indumentárias – As roupas usadas pelos intérpretes ao longo do espetáculo. O figurino deve refletir a época em que a ação se desenrola, a situação social, religiosa, econômica e até mesmo política de quem os usa; traje de cena.

Figurinista – Profissional que cria, projeta e orienta a confecção do vestuário das personagens de um espetáculo, indicando, em alguns casos, até mesmo os materiais a serem utilizados, inclusive os complementos a serem usados por cada um dos intérpretes.

Fosso de orquestra – Espaço que abriga conjuntos de músicos, não interferindo com o visual de público por estar no plano inferior ao nível do palco. Pode ser executado através de elevadores hidráulicos ou pisos removíveis (quartelada).

Fresnelle – Projetor cujo poder de iluminar é aumentado por uma lente graduada.

G

Guião – Registo escrito do espetáculo contendo o texto principal e as indicações técnicas a serem executadas por todos os setores técnicos. Texto que resulta do desenvolvimento do argumento da peça teatral dividido em cenas, com as rubricas técnicas, cenários e todos os diálogos.

Grotesco – Cômico caricatural, de tipo bizarro, burlesco ou fantástico, por vezes absurdo ou irreal.

H

Happening – Espetáculo com a participação do público, através da proposta de uma participação voluntária ou de ações de provocação que o leve a reagir. Forma parateatral situada entre o que até então se entendia como arte dramática e o facto real. Espetáculo único, preparado, mas nunca repetido, o “happening” foi visto pela primeira vez em outubro de 1959, na Reuben Gallery de Nova Iorque, com a mostra dos “Dezoito Happenings em seis partes”, de Allan Kaprow.

Herói – Tipo de personagem dotado de poderes fora de comum e que pode “levantar-se” a favor ou contra a Cidade (Grécia). Personagem principal de uma obra.

I

Identificação – Trabalho do ator e do espectador para adaptar as atitudes e os sentimentos de um personagem num dado contexto teatral.

Iluminação – Conjunto de luzes ou pontos luminosos que servem para realçar o espetáculo, e não apenas torná-lo visível para a plateia.

Ilusão – Fenômeno que faz que tomemos a ficção por real e verdadeira.

Improvisação – Técnica utilizada pelos encenadores e atores para ajudar a encontrar atitudes, registos de voz e comportamentos que sirvam para a construção das personagens e cenas que constituem o espetáculo. O teatro do improviso constitui-se, atualmente, num gênero de espetáculo teatral.

Interlúdio – Composição musical tocada entre os atos de um espetáculo, com objetivo de ilustrar ou variar o tom da peça e facilitar as mudanças de atmosfera ou cenário.

Intervalo – O tempo entre dois atos para descanso do espetáculo e arranjo da cena.

Intertexto – Conjunto de fragmentos citados num dado corpus;Relação de ordem textual resultante de estar em presença de dois ou mais discursos de arte ou de escrita.

Intertextualidade – Fenômeno segundo o qual um texto parece situar-se na junção de diversos discursos.

Intriga – Sucessão de acontecimentos ao longo de uma peça que lhe formam o sentido para o espectador acompanhar as cenas. Na estrutura dramática de uma peça, o elemento que se segue à exposição e culmina no clímax e no desenlace, durante o qual se desenvolvem os caracteres e incidentes imaginados pelo dramaturgo; enredo; trama.

J

Jogo – Em teatro, o termo designa tanto uma forma de representação medieval como unidade disciplinar no ensino das artes de cena. ( jogo dramático) , e ainda as modalidades de interpretação de um ator (jogo realista, jogo distanciado, etc.). O conjunto orgânico das marcações de um espetáculo, incluindo a movimentação dos atores, diálogos, jogos de luzes, cenários, divisão das cenas, dos atos, o ritmo, a atmosfera do espetáculo, e até mesmo os intervalos.

Jogral – Na Idade Média, o trovador ou intérprete de poemas e canções de carácter épico, romântico ou dramático; espécie de ator ambulante que percorria cidades e povoados cantando e recitando em praças públicas, para o povo, ou nas cortes senhoriais. O jogral era simultaneamente instrumentista, bailarino e cantor.

K

Kabuki – Forma tradicional do teatro japonês, exclusivamente masculino, caracterizado pela violência das intrigas e a sumptuosidade do guarda-roupa e maquilhagens. A gestualidade, que exprime muitas vezes os sentimentos humanos pela dança, sobrepõem-se geralmente sobre o texto inaudível de histórias bem conhecidas.

L

Lazzi – Lazzi (do italiano “lazzo”, no singular: rotina ou piada) é uma ação cómica estruturada e muito bem ensaiada, usada na Commedia dell’arte e no teatro de feira. Compõe-se de toda a forma de estrutura burlesca, sejam jogos de palavras, ações e gestos grotescos para serem desenvolvidos nas farsas. Em geral os lazzi eram mais descrições de rotinas estabelecidas, não textos dialogados.

Leitura – Segundo a tradição, a primeira e essencial etapa para a encenação de um espetáculo, quando o elenco toma conhecimento do conjunto do texto a ser encenado. O ideal é que a primeira leitura seja feita com a presença de todos os integrantes do elenco – intérpretes e técnicos.

Leitura dramática – Forma de espetáculo despido dos acessórios cênicos, do tipo cenários, figurinos, luzes especiais, quando os atores fazem uma leitura interpretativa do texto.

Linóleo – Tapete formado por várias lâminas ou passadeiras, usado especialmente para dança.

Literalidade – Caráter de um texto considerado como obra literária.

Luminotécnico – Aquele que trabalha com o equipamento de iluminação, concebendo, por vezes, o desenho da luz. Profissional que cria e faz funcionar a iluminação do espetáculo, a partir de um projeto de parceria com o diretor do espetáculo, o figurinista e o cenógrafo.

M

Manobra – Mutação ou parte da mutação dos cenários. Essa operação é normalmente feita da varanda. Por extensão, pode-se chamar de manobra a todos os movimentos necessários às mudanças de cena.

Maquete – Modelo em miniatura de um cenário onde estão representados todos os detalhes. De grande utilidade para o trabalho do cenotécnico, diretor e luminotécnico.

Marcação – O conjunto de movimentos estabelecidos pelo diretor para o desenvolvimento da ação, em cena, desde as entradas e saídas de cada intérprete, postura e localização de cada personagem dentro do cenário, produção de ruídos, efeitos de luz e som, até ao mínimo gesto que possa contribuir para o entendimento da ação dramática. Todo o plano de uma produção profissional exige um minucioso projeto de marcação, sendo usuais a marcação de luz, de som, etc.

Marcar Luzes – Trabalho que consiste em colocar, apontar e afinar todos os projetores para depois iluminar cada cena, fazendo registo num roteiro, de luz.

Melodrama – Drama popular, muitas vezes acompanhado por melodia, caracterizado pela inverosimilhança da intriga e das situações, a multiplicidade de episódios violentos é outra das características.

Mimese – Imitação ou representação de uma coisa qualquer.

Mimodrama – Ação dramática representada em pantomima ou linguagem corporal.

Mistério – Ação cênica de ordem religiosa- egípcia, grega,  medieval – e principalmente dedicada à vida  dos deuses na terra.

Monólogo – Cena falada apenas por um personagem; discurso aparentemente dirigido a ele mesmo, ou a um auditório do qual não se espera resposta. Na análise do discurso teatral, é considerado como uma variedade do diálogo.

Monstro Sagrado – O ator principal de uma Cia (geralmente os donos).

Montagem – Diz-se de uma colagem de textos e por vezes da encenação; ou realização material da encenação.

Motivo – Imagem visual ou sonora, modulada ou repetida, que faz parte de um tema. Unidade indissociável da intriga, que constitui uma unidade autônoma da ação.

Música de cena –  Contribuição musical de um texto cênico, que anuncia ou sublinha uma emoção, ou para acompanhar uma ação ou um texto, ou mesmo substituir completamente um texto dramático.

Mutação – Transformação total ou parcial de uma parte ou de todo o cenário no desenrolar de uma cena, ou no final de um quadro, ou de um ato. Pode ser realizada no escuro, à vista do espectador, o qual é atordoado (ou não) com fortes focos de luz ou tem a sua visibilidade perturbada por cortinas de fumo, ou outros recursos, ou com o pano de boca fechado

N

Naipe (de atores) – O grupo de atores ou atrizes de um determinado tipo, geralmente caracterizado pelas idades e gênero.

Naturalismo – Representação realista de Natureza ou do natural.

 – Drama lírico japonês. (mimado, cantado e dançado, com coros e instrumentos), executado no teatro, com guarda-roupa e máscaras, sem cenário. Compreende secções de prosa (kotoba) e de poesia (utai). Inspira-se geralmente em lendas e contos antigos do Japão, onde os seus atores são o shité e o waki, o segundo é uma espécie de duplo do primeiro.

O

Objetivo e Super objetivo – Motivações que, segundo C. Stanislavski, estruturam a estratégia global de um personagem.

Ópera – Drama lírico, inteiramente cantado, realizado num Teatro com cenários e guarda-roupa.

Ópereta – Comédia lírica, constituída de cantos e diálogos ou pantomimas alternadas com cenários e guarda-roupa.

P

Palco – Espaço da caixa do teatro reservado para a atuação dos intérpretes. Modernamente, o palco é formado por um conjunto que engloba o proscénio ou ribalta, a boca de cena, as coxias ou bastidores, os urdimentos, camarins, porões e tudo o mais que fica abrigado por trás do pano de boca.

Pano de Boca – Cortina de boca de cena que caracteristicamente se movimenta nos sentidos laterais, fechando ou abrindo nas mudanças de atos, encerramentos ou aberturas das sessões.
Serve para ocultar o ambiente cenográfico da vista do público, antes do começo do espetáculo; cortina de boca, ou, simplesmente, cortina.

Papel – Conjunto de indicações de ações de um personagem; é a vida de um personagem; Conjunto de réplicas de um personagem.

Parada – Forma de intervenção teatral que se faz à porta das salas de espetáculo para angariar publica.

Paródia – Peça ou fragmento dela do gênero burlesco que se transveste uma obra maior.

Pathos – Emoção ou paixão, amplificada ou simulada, susceptível, por técnicas específicas do teatro, de suscitar ou manipular no publico sentimentos naturais de piedade ou de terror, com vista a provocar a catharsis.

Performance – Expressão artística de unidade variável que consiste em produzir determinados eventos por meio de gestos e ações sem contar qualquer história.

Personagem – Personagem é qualquer entidade de uma história ou obra. Pode ser humana, animal, um ser fictício, um objeto ou qualquer coisa. Também podem ter nomes, ou não, e assumir diferentes personalidades.

Perna – Elemento que se caracteriza como limite lateral do palco. Tecido sem armação. O conjunto de pernas e bambolinas é parte da câmara negra.

Plano Cenográfico – Plano segundo o qual devem ser armados ou desarmados os cenários, de acordo com as determinações do cenógrafo e do diretor do espetáculo.

Plano de luz – Roteiro organizado de forma minuciosa pelo eletricista e luminotécnico, que garanta um acompanhamento seguro e no momento exato, da iluminação do espetáculo.

Ponta – Um pequeno papel.

Ponto – O profissional que “sopra” as palavras aos atores em cena, quando estes se esquecem de uma palavra ou frase. Atualmente, o trabalho do Ponto desenvolve-se durante os ensaios, quando os atores ainda não decoraram bem os papéis.

Praxis – Ação dos personagens, ação que se manifesta na cadeia de acontecimentos ou fábula.

Projetor – Aparelho elétrico munido de refletor, de uma lâmpada e de um jogo de lentes, destinado a projetar sobre a cena um foco de luz.Aparelho de iluminação provido de lentes especiais, no qual a lâmpada se pode aproximar ou distanciar, de modo a abrir ou fechar o cone de luz.

Prólogo – Parte da peça que nos gregos precede a entrada do coro.

Protagonista – Diz-se do ator que num espetáculo desempenha o papel considerado principal

Proscênio – Parte do palco, normalmente em curva, que avança desde a boca de cena até ao fosso da orquestra, em direção à plateia; pode ser fixo ou não. Nos antigos teatros gregos e romanos, era o espaço do palco compreendido entre a cena e o espectador, onde se verificava a maior parte da ação dramática.

Psicodrama – Técnica de investigação psicológica que procura analisar os conflitos interiores em fazendo jogar um quadro improvisado a partir de quaisquer dados.

Q

Quadro – Divisão de um texto dramático ou cênico, fundado sobre uma mudança do espaço ou do espaço-tempo. Constitui uma alternativa à cena ou ao ato.

Quarta parede – Parede imaginária que separa o palco da platéia, através da qual a plateia assiste passiva à ação do mundo encenado.

Quartelada – Divisões do piso do palco em pranchas, perfeitamente ajustadas e removíveis quando a encenação exigir, para fingir porões, produzir efeitos mágicos, dar a ideia de que a cena do palco se encontra num andar superior de um edifício, etc.

R

Realismo – Concepção da arte e da literatura, segundo a qual não se deve procurar idealizar o real ou mesmo depurá-lo.

Récita – Fábula. Discurso de um personagem narrando um acontecimento que se produz fora de cena.

Recitativo – Na Ópera ou na cantata, parte declamada – não cantada –  cujo ritmo e métrica difere do canto ou da música que a precedem ou a seguem.

Repertório – Conjunto de peças realizadas por uma companhia teatral; conjunto de peças do mesmo estilo ou de uma mesma época; conjunto de papéis que um ator já interpretou e que fazem parte do seu curriculum.

Réplica – Resposta a um discurso; texto dito por um personagem no decurso de um diálogo.

Retórica –Termo empregado para designar a arte de persuadir, a lista de figuras de estilo e de juízos de escola num discurso artístico e literário.

Reguladores – Bastidores (armação forrada em tecido) ou painéis que se localizam à direita e à esquerda da boca de cena, definindo a sua abertura e evitando o vazamento (de luz e cenário) e também limitando o proscênio.

Ribalta – Rampa de luzes situada na sanca da boca de cena, de forma a iluminar o palco de baixo para cima. Na linguagem dos técnicos em iluminação, a fileira de lâmpadas dispostas ao longo do proscênio, entre a cena e o poço da orquestra, ao nível do piso do palco, protegida por uma calha, para ocultá-la da visão do público. Voltadas para cima, a função dessas luzes é iluminar o primeiro plano do palco e o rosto dos atores.

Rompimento – Espaço que medeia entre os sucessivos jogos de pernas laterais e bambolinas, formando enquadramentos da cena. Elemento delimitador da cena, também chamado de perna (quando de tecido) ou bastidor (em armação de madeira forrada de pano). 

Rotunda – Grande tela que é montada sempre à frente do ciclorama.

S

Saída Falsa – Recurso de marcação utilizado pelo ator, por sugestão do texto ou da direção do espetáculo, que consiste em interromper a saída de cena. Movimento falso de saída de cena.

Saltimbanco – Na época medieval, era um artista popular que nas praças públicas, em cima de um estrado, fazia demonstrações de habilidades físicas e teatro improvisado antes de vender ao público objetos variados.

Sátira – Gênero teatral de origem grega; Discurso que ataca alguém ou qualquer coisa, gozando isso.

Signo – A mais pequena unidade de sentido, proveniente da combinação de um significado e significante.

Simbolismo – Movimento artístico e literário que, em reação ao Naturalismo, se esforça de fundar a arte sobre uma visão espiritual do mundo, traduzida por meios de expressão metafóricos ou poéticos.

Situação dramática – Conjunto de dados textuais e cênicos cujo conhecimento é indispensável para a compreensão do texto e da ação.

Sociodrama – Técnica inspirada da criação colectiva teatral e empregada na terapia de grupo.

Solilóquio – Discurso de uma pessoa que fala para si mesma; monólogo interior. Discurso de uma pessoa que, em companhia, está apenas a falar para si mesma.

Sonoplasta – O técnico encarregado dos efeitos de som de um espetáculo que envolve música, ruídos, efeitos especiais.

Sonoplastia – Reconstituição artificial de ruídos, sejam eles naturais ou não.

Song – Intervenção coral, no teatro brechtiano.

Subtexto – Aquilo que não se diz explicitamente no texto dramático, mas que ressalta da interpretação do ator.

Sublime – Categoria estética que designa um sentimento que faz “sair” aquele que experimenta os limites habituais da sua percepção do belo, para conduzir em direção à grandiosidade ou ao horror.

Suspense – Momento ou passagem que faz nascer um grande sentimento de angústia ou de dúvida; caráter daquilo que é susceptível de provocar este sentimento.

Star System – sistema onde o ator principal da companhia fica sempre em evidência no cento do palco e mais iluminado que os demais.

T

Teatro à Italiana – Diz-se de uma sala de espetáculos em forma de ferradura, colocada perpendicularmente ao palco e rodeada por filas de camarotes. Este tipo de salas, para além de permitir uma boa visão do espetáculo, tinha como objetivo, no século XIX, em termos sociais, permitir ao público ser visto e mostrar-se. 

Teatro da Crueldade – Expressão criada por Antonin Artaud (1896-1948) para um projeto de representação que faz com que o espectador seja submetido a um tratamento de choque emotivo.

Teatro de Rua – Teatro que se produz em locais exteriores às construções tradicionais: rua, praça, mercado, metro, universidade, etc.

Teatro Invisível – Termo de Augusto Boal (1931-2009) que define um jogo improvisado do ator no meio de um grupo de pessoas que devem ignorar, até o fim, que fazem parte de um jogo, para não voltarem a ser espectadores.

Teatro Pobre – Termo criado por Jerzy Grotowski (1933-1999) para qualificar o seu estilo de encenação em que se economiza em recursos cénicos (cenários, figurinos, etc.) e se preenche esse vazio por uma atuação de grande intensidade.

Teatro Total – Representação que procura usar todos os recursos artísticos disponíveis para produzir um espetáculo que apele a todos os sentidos e crie a impressão de totalidade e de uma riqueza de significações que subjugue o público.

Teia – Gradeamento de madeira ou metal, dividido em carreiras transversais, que sustentam o urdimento. O conjunto de urdimento de uma caixa de teatro; grelha.

Tema – A ideia central de uma peça teatral. O tema é a base da unidade sobre a qual o texto teatral repousa.

Tempo-ritmo – Determinação da velocidade na qual devem ser executadas as várias etapas do espetáculo,

Texto dramático – Escrito onde a teatralidade é explicitamente inscrita.

Texto cênico – Produto da encenação, que foi produzido ou não por um texto dramático.

Teatralidade – Carater do que é teatral; pela qual um escrito, um espaço ou um evento se definissem como configuração de elementos estilísticos e de valores diferenciados (guarda-roupa, personagens,  adereços, etc…), regras, implicitamente ou explicitamente, por leis do sistema teatral. Pode-se falar da teatralidade de um evento judiciário, de um lugar sagrado, de uma máscara primitiva…

Tragédia – Ação cênica cujas peripécias são dirigidas por uma fatalidade e cujo desfecho é sempre funesto. É uma forma de drama que se caracteriza pela sua seriedade, dignidade e frequentemente os deuses, o destino ou a sociedade.

Tragicomédia – Subgénero teatral que alterna ou mistura comédia, tragédia, farsa, melodrama, etc.

Trama – O conjunto de intrigas que forma o enredo; intriga.

U

Unidade de ação – carater de uma peça do qual a matéria narrativa se organiza á volta de uma fábula principal á qual as intrigas anexas são logicamente ligadas.

Unidade de lugar – Caráter de uma peça segundo a qual se organiza à volta de um e mesmo espaço.

Unidade de tempo – Caráter de uma peça cuja ação se organiza no mesmo tempo de ação.

Urdimento – Conjunto de cordas, panos, telões, varas, etc., suspensos da teia, delimitado entre a boca de cena e a teia. Todo o espaço que vai do alto da boca de cena para cima, invisível para a plateia e fartamente equipado, para uso variado dos técnicos na realização de um espetáculo.

V

Vara – Barra de metal ou madeira, suspensa da teia por cordas ou cabos manobráveis, de modo a permitir regular a altura para a montagem do urdimento e/ou para movimentos de cortinas, telões, etc.

Varanda de Carga – Lugar onde se localiza a contrapesagem das varas de luz e de cenário.

Vaudeville – Originado no Séc. XV, é um espetáculo de canções, acrobacias e monólogos, e até o Séc. XVIII eram espetáculos para o teatro de feira que usam música e dança.

Vestimentas de Palco – Conjunto de elementos da cenografia e da cenotécnica que cria o envoltório do espaço cênico e determina sua concretude na caixa cênica.

Variedades – Espetáculo que apresenta diversas atrações (canções, danças , etc…).

Verosimilhança –  Caráter pela qual as ações, os personagens e os lugares representados são percepcionados pelo publico com uma imitação da realidade e não como uma realidade verdadeira ou sobrenatural.

Voz – Diz-se quando os atores falam num volume de voz que é audível em todo o auditório desde a primeira à última fila, sem precisar de gritar, sem cansar a voz e sem aparentar esforço. É uma técnica que se adquire com formação específica (aulas de voz).