Fomos conferir Roda Viva do Teatro Oficina!

A montagem contemporânea de Roda Viva do Teatro Oficina é um programa essencial para todos que estudam, vivem, amam ou simplesmente se divertem com teatro!
O espetáculo começa com Marcelo Drummond falando sobre a falta de incentivo financeiro e a necessidade de uma mobilização para a manutenção e continuidade do Oficina, que apesar de ter a casa lotada em todas as suas sessões, não consegue subsídios institucionais devido às recentes restrições ideológicas direcionadas à cultura. E Roda Viva não tem medo de bater de frente com qualquer estrutura de poder regente no Brasil em 2019.

Zé Celso, como grande encenador e diretor do Oficina, sempre trabalhou com uma visão ritualística do fazer teatral, e usando caminhos desenvolvidos por Artaud, Grotowski e outros que criticam o textocentrismo.

Em Roda Viva ele começa introduzindo os espectadores em seu ritual mostrando situações de imigrantes enquanto uma cantora lírica cria uma ambientação sonora que remete à cantos patriotas, uma clara ironia e crítica aos ideais xenofóbicos.

Usando o texto de Chico Buarque como base, a peça põe em cheque a mitificação de personas e o poder influenciador da mídia na criação de ídolos e mitos sociais. A imagem dos poderosos empresários e magnatas é retratada pelo personagem Anjo Negro (que podemos fazer um paralelo com a peça de Nelson Rodrigues), e pela Diaba, que fazem um pacto para alavancar a carreira de Benedito Silva, sob o nome artístico Ben Silver, interpretado pelo ator Roderick Himeros.

A dramaturgia de 3h30 é embalada por referências facilmente identificáveis pelo público (beijo pra Angélica, Maiara e Maraísa e até mesmo a Xuxa), um coro de corpos que se transformam e se adaptam conforme à necessidade das cenas, além da premiada e encantadora estrutura do oficina, que prendem quem assiste do começo ao fim.

Com uma finalização marcante, Roda Viva se estabelece como uma forma de protesto potente e necessária, que além de oferecer um ótimo repertório musical e artístico, instiga uma reflexão sobre a sociedade atual e os mitos criados por ela.

E você, já assistiu? Planeja assistir quando? Conta pra gente o que achou!

Sinopse
Roda Viva mostra a ascensão e queda de Benedito Silva, cantor e compositor de sucesso inventado e fabricado pela mídia. A trama se desenvolve pelas intervenções do Anjo da Guarda (Gui Calzavara) e do Capeta (Joana Medeiros), que fazem de Benedito o cantor de grande sucesso popular Ben Silver. Mané (Marcelo Drummond), amigo de juventude do protagonista, durante todo o espetáculo fica na mesa de bar, como um fio terra de Benedito que tem sua genialidade fabricada e ininterruptamente monitorada e redirigida pelos índices de popularidade. Assim, Ben Silver, o herói pop é transformado em Benedito Lampião, cantor “bem brasileiro, bem violento, cantando baião e marcando o ritmo na queixada”. Quando ele enfim é devorado pelo coro, sua esposa, Juliana (Camila Mota), o substitui como novo ícone da cultura, liberta da formatação, com um acordo cosmopolítico de produção.

Informações:
Até 29 de Setembro (podendo ser prorrogada)
Sex e Sáb 20h, Dom 19h
Teatro Oficina – Rua Jaceguai, 520 – Bixiga, São Paulo

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