Com entrada franca no Teatro do Sesi-SP, Erêndira é de encantar os olhos, o coração e questionar certas “tradições” sociais de forma única.
Escrito originalmente para o cinema em 1972, e encenada por Boal em Paris no Théatre de L’Est Parisien, o texto de Gabriel García Márquez ganhou as telonas pelas mãos de Ruy Guerra e agora está em cartaz no Teatro do Sesi-SP, no Centro Cultural Fiesp com direção de Marco Antonio Rodrigues.
A adaptação levada ao palco é a mesma elaborada por Boal na montagem francesa, porém, atualizada aqui, na versão brasileira, por Claudia Barral.
Tendo como pano de fundo a triste realidade da exploração sexual de menores nos países pobres, o autoritarismo nos países latino-americanos, a política submetida à economia e o esvaziamento das humanidades, uma avó, em nada parecida com as de conto-de-fadas, obriga sua cândida neta a prostituir-se para recompensar as perdas decorrentes de um incêndio acidental, que a neta supostamente provocara.
Treze atores compõem a trupe de saltimbancos que vai de peripécia em
peripécia contando as mil e uma noites de Erêndira em seu percurso, que vai do deserto habitado pelo ‘vento da sua desgraça’ até os ‘entardeceres de
nunca acabar’.
Em meio a todo esse conflito na vida de Erêndira, vemos no palco uma garota simples e inocente, que sonha como qualquer menina aproveita o que pode da única infância que conhece, mas que vai se moldando com os acontecimentos trágicos da vida que sua avó (muito desalmada) a proporciona. Acompanhamos com Erêndira seus melhores e piores momentos, até um amor, a meu ver não entendido, que ela tem pelo seu salvador. Sobre a avó, Ela é muiiito ruim, mas seu jeito de falar e agir em vários momentos nos tiram as melhores rizadas, ao Chico Carvalho, o ator que a interpretou: Meu Parabéns, você é magnifico.
A trupe de saltimbancos que conta a história de Erêndira é de encher os olhos, São músicos maravilhosos, e cada personagem único se mostra de uma forma esplendida e consegue prender nossa atenção por tempo indeterminado sem notarmos. À eles, existem coisas particulares de cada um, e a forma como esses atores mudam os personagens que interpretam para contar a história é de arrepiar (quero ser igual a eles quando crescer). Sem spoilers, quero destacar o “índio” que casa com Erêndira em um momento, e a garota da boca torta que fica com a Trupe. Eu apenas AMEI eles de todo meu coração. Tem também o carrasco que compra Erêndira, não digo que o amei mas que ele me deu muito medo, isso é óbvio!
Na real, é uma equipe perfeita eu arriscaria dizer. Nada do que vi me fez querer ir embora, muito pelo contrário, eu ficaria ali mais 3, 4, 5 sessões sem parar.
Serviço:
Temporada: Até 8 de dezembro de 2019
Sessões extra: 30 de novembro, 1º, 7 e 8 de dezembro
Horários: quinta a sábado, às 20h; domingo, às 19h
Local: Teatro do Sesi-SP | Centro Cultural Fiesp (Av. Paulista, 1313 – em
frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 120 minutos
Agendamentos escolares e de grupos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Grátis. Reserva antecipada de ingressos pelo site
http://www.centroculturalfiesp.com.br ou remanescentes diretamente na bilheteria do
teatro, distribuídos 15 minutos antes de cada sessão.
Texto por: Gabrielle Risso (mas pode me chamar de Gabi)