Na montagem, um casal de atores relembra fragmentos de vida que ora parecem ter sido vividos, ora ouvidos de quem viveu ou até mesmo uma memória inventada. Essas memórias ganham a cena, assemelhando-se aos nossos atos de pensar e sentir, que surgem de forma aleatória, muitas vezes por meio de conexões não-lineares de espaço-tempo, como reverberações do que acontece dentro e fora de nós.
“São pequenos pedaços de memórias que, talvez… nem fossem narradas, mas… que, por algum motivo, estavam guardadas. Essa lembrança comum faz as pessoas (que assistem) invocarem e passearem por suas próprias recordações”, conta Lídia. Assim, o espectador complementa a dramaturgia criada em parceria pelos atores e o diretor. “A história contada… ou… as histórias contadas só fazem sentido com as histórias de quem assiste” emenda Edgar.
Assim, todos os elementos em “Vagaluz” estão a serviço da atuação. Um cenário minimalista, composto apenas por duas cadeiras, um figurino básico que remete aos trajes de ensaio e uma luz simples só para acolher as memórias e ambientá-las. E os intérpretes alternam-se em solos distintos, mantendo-se sempre conectados e cúmplices na composição do imaginário.
A construção desse trabalho foi instigada por uma perda na família dos atores, seguida pelo questionamento das crianças que só ouviam como explicação o silêncio. A quebra cada vez mais constante do silêncio trouxe o luto e então o escavar de dores… e, finalmente, a procura daquilo que permanece: as memórias. “Daí, surgiu uma ‘Vagaluz’ a nos guiar”, diz a atriz.
SINOPSE
Um casal narra e presentifica pequenos fragmentos de histórias e situações diversas – momentos vividos ou ouvidos de quem viveu. São acontecimentos de outrora que, distantes de grandes feitos, poderiam ser considerados banais ou sem nenhuma importância. Aquilo que ficou, sabe-se lá por que, mas está lá e, de alguma forma, os preenche. Assim, vai se tecendo um caminho para investigação da memória e do esquecimento. O que guardamos nós ao longo da vida? Como a memória se desfaz?
FICHA TÉCNICA
Direção: Antônio Januzelli
Concepção: Antônio Januzelli, Edgar Campos e Lídia Engelberg
Atuação: Edgar Campos e Lídia Engelberg
Iluminação: Thiago Zanotta
Preparação vocal: Andrea Kaiser
Fotos: Giorgio D’Onofrio
Produção: Café Produções Culturais – Carol Faria e Fernanda Tonoli
Assessoria de imprensa: Agência Fática – Bruno Motta Mello e Verônica Domingues
SERVIÇO
Espaço Cênico do Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Água Branca
Temporada: de 6 de fevereiro a 1º de março de 2020
De quinta a sábado, às 21h30, e aos domingos, às 18h30
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 9 (credencial plena)
Classificação: 14 anos
Duração: 60 minutos
Capacidade: 40 lugares