Nascido no Rio de Janeiro em 13 de janeiro de 1906, Paschoal Carlos Magno foi: diplomata de carreira, produtor, crítico, autor e diretor, Paschoal teve como grande paixão as artes, em especial, a literatura e o teatro, pelo qual se interessou muito cedo.
Aos 12 anos escreveu “A Torrente”, aos 20 tem uma experiência como galã em Abat-Jour, de Renato Viana. em 1928, tem uma participação, como ator, no Teatro de Brinquedo, de Álvaro Moreyra, em paralelo também escreve para O Jornal.
Em 1930, Paschoal recebe da Academia Brasileira de Letras, um prêmio pela sua peça Pierrot, que foi montada no Rio de Janeiro pela companhia de Jaime Costa, da qual Paschoal assume a direção artística começando assim, a trabalhar no teatro profissional.
Com sua carreira diplomática já acontecendo, Paschoal se ausenta do brasil em 1933 retornando apenas em 1936, quando começa se ligar fortemente ao teatro com a motivação de modernizar o Teatro Brasileiro, até então atrasado em relação ao europeu.

Finalmente em 1938, funda o Teatro do Estudante do Brasil – TEB (uma de suas maiores criações), inspirado nos teatros universitários europeus, com uma função pedagógica, de formação teatral, e outra artística, de introduzir no nosso teatro a função do diretor teatral.
Em 10 de fevereiro de 1938, o jornal “Gazeta de Notícias” fez a seguinte convocação pública:
“Estão convidados os estudantes de ambos os sexos que estejam interessados no Teatro Universitário[…]. À maneira do que se efetua nas universidades europeias e americana, este núcleo teatral realizará um movimento de cultura por intermédio do teatro”.
A estreia oficial se deu em 28 de Outubro de 1938 com a peça Romeu e Julieta, William Shakespeare, dirigida pela atriz Itália Fausta, Após as estreia da primeira montagem do grupo, os jornais estavam cheio de críticas elogiando o trabalho de Itala Fausta, destacando a qualidade do elenco, a ambientação da época, as danças e a música postas em cenas. Foi um merecido sucesso!
Após a estreia, Itala viaja para a europa e Paschoal convida a atriz portuguesa Esther Leão para ocupar a direção cênica dos próximos espetáculos: “Leonor de Mondonça”, de Gonçalves Dias, e “Romanescos, de Edmond Rostand.” Precisando se afastar do Brasil por conta da sua carreira diplomática, deixa Maria Jacintha em seu lugar como direta do TEB, trabalhando ao lado de Esther.
Voltando ao Brasil em 1944, reorganiza o TEB e programa o Curso de Férias de Teatro. Mais uma vez Paschoal se ausenta do país e agora deixa o professor José Jansen na direção do TEB. Jansen decidiu montar apenas peças de importância cultural, como: Auto da Mofina Mendes, de Gil Vicente e o Auto d’El Rei Seleuco, de Camões…
De volta ao Brasil, em 1947, Paschoal Carlos Magno reorganiza pela segunda vez o TEB, com isso publica esse edital convocatório:
“Estudantes de teatro – sejam eles universitários, alunos de escolas secundárias, profissionais, técnicos, amadores em geral […] pode colaborar na obra qualquer pessoa que “estude teatro”, querendo habilitar-se como ator, eletricista, contrarregra, costureiro, maquinista, cenógrafo e etc.”
Decidido a montar HAMLET, que estreou com grande sucesso em 6 de janeiro de 1948, Paschoal fez uma série de palestras sobre as personagens da história, e teve ajuda de uma comissão que avaliou mais de cem candidatos para o elenco. Não sendo o bastante, organizou um retiro de seis meses com palestras, debates, preparação de elenco, e ensaios do texto sob a direção de Hoffmann Harnish.
A estreia marcou não só a história do teatro nacional, como o aparecimento de Sérgio Cardoso, um dos maiores atores trágicos do Brasil, no papel principal.

Em paralelo, em 1948, era preparado um Seminário de Arte Dramática, que na verdade foi pensado para ser um embrião de uma escola de teatro nos moldes da Escola de Arte Dramática de São Paulo. Este teve a inscrição de 156 alunos e acabou servindo para selecionar atores para o TEB, já que Paschoal preparava um festival com peças de Shakespeare para o ano seguinte, 1949 que acaba revelando não só atores, mais diretores, cenógrafos e figurinistas. O festival acontece no Rio de Janeiro, com Romeu e Julieta, Macbeth e Sonho de Uma Noite de Verão.
Na mesma época cria, junto com a cantora Alda Pereira Pinto, o Teatro Experimental de Ópera.
Paschoal Carlos Magno era um grande mecenas e patrocinava varias organizações artísticas como o “Coral Bach”, a “Orquestra Universitária”, o “Conjunto Coral Brasileiro” e o “Coral Lutécia”, Já em 1950, é transferido para Atenas, retornando após um ano.
De volta ao Brasil e motivado pela cultura do teatro grego, programa um Festival do Teatro Grego, mas antes, faz uma turnê com o TEB pelo norte com peças de Sófocles, Eurípides, William Shakespeare, Gil Vicente, Henrik Ibsen, Martins Pena. O resultado foi um sucesso!
Ainda em 1952, inaugura em sua própria casa, em Santa Tereza, o Teatro Duse, uma sala de aproximadamente 100 lugares e um palco mínimo. Inaugurado em 1952, com João Sem Terra, de Hermilo Borba Filho, o Duse funciona, com ingresso gratuito, e revela atores, diretores, cenógrafos, figurinistas, eletricistas, autores até 1956, ano que acabou.
Em 1958, Paschoal inicia a fase dos festivais de teatro estudantil.
O 1º Festival Nacional de Teatro de Estudantes se deu em Recife, reunindo mais de 1000 jovens e tendo a revelação de João Cabral de Melo Neto, como autor de Morte e Vida Severina, e de Antônio Abujamra como diretor teatral. O 2º Festival aconteceu em Santos (SP) com 2000 estudantes e a revelação de Etty Fraser, José Celso Martinez, Aldomar Conrad e Amir Haddad. Já o 3º aconteceu em Brasília em em 1961 com 23 grupos teatrais.
Em 1962, realiza o 4º Festival Nacional de Teatro de Estudantes, em Porto Alegre (RS), com mil presenças. O 5º Festival Nacional de Teatro de Estudantes acontece em 1968 na Guanabara (então Estado da Guanabara). Organiza o I Encontro das Escolas de Dança do Brasil, em Curitiba (PR). Durantes os tantos festivais realizados, O TEB acaba recebendo uma doação: a Fazenda de Arcozelo, no estado do Rio. Espaço que seria usado para a criação da Aldeia Arcozelo, um centro de arte e cultura, que receberia o 6º, e último Festival Nacional de Teatro de Estudantes em 1971.

Fonte: Cultura Niterói
Inaugurada em 1965, no interior do Estado do Rio de Janeiro, a Aldeia de Arcozelo, na vontade de Paschoal, seria um local de repouso para artistas e intelectuais e um centro de treinamento para as diferentes áreas das artes. Mas a extensa obra consome o resto da sua fortuna e o obriga a vender o seu casarão de Santa Tereza para pagar as dívidas. Ainda assim, o dinheiro revela-se insuficiente, e Paschoal ameaça publicamente tocar fogo na fazenda. Alguns auxílios, oficiais ou privados, chegam a ser liberados; mas até hoje a Aldeia de Arcozelo encontra-se fechada sob o domínio da Fundação Nacional de Artes Cênicas.
No entanto, o principal legado do Teatro do Estudante do Brasil (TEB), foi o estimulo a modernização do teatro brasileiro.
Bibliografia:
História do Teatro Brasileiro – Volume II – João Roberto Faria
Cultura Niterói: http://culturaniteroi.com.br/blog/?id=31
Enciclopédia Itaú Cultural: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa393306/paschoal-carlos-magno
Texto por: Gabrielle Risso (mas pode me chamar de Gabi)