Filho de um mestre-artífice da guilda dos sapateiros e uma filha de clérigo anglicano, Christopher Marlowe nasceu no dia 6 de Fevereiro de 1564 no Reino Unido. Apenas dois meses mais velho que Shakespeare, também foi seu antecessor no drama inglês.
Dramaturgo, poeta e tradutor renascentista inglês Marlowe foi reconhecido por seu talento, e ainda jovem ganhou bolsas de estudo para o mais importante colégio da época, o King’s School e também para a Universidade de Cambridge.
Para a universidade, a bolsa foi concedida pelo fundo legado por Matthew Parker, o antigo arcebispo de Canterbury. O benefício duraria por seis anos caso o dramaturgo resolvesse tomar ordens e seguir a carreira eclesiástica, ou apenas três anos se decidisse seguir outra carreira. Marlowe ficou os seis anos na universidade, mesmo sem a pretenção de ter uma vida religiosa. Ali fez o bacharelado e o mestrado. Estudou teologia, os grandes teóricos do cristianismo, as características da igreja inglesa, além de latim, francês, grego e um pouco de direito e medicina.
Devido as inúmeras ausências de Christopher no último ano do curso, a universidade não quis lhe dar o título de mestre. Foi então que a instituição recebeu uma carta formal do Conselho Privado da rainha Elizabeth I, ordenando que lhe concedessem tal título a Marlowe já que suas ausências se deram por conta de importantes serviços prestados à coroa. Quais foram os serviços? Não se sabe.
Saindo da universidade, já era conhecido como um grande poeta e tinha escrito “The Tragedy of Dido, Queen of Carthage” (A Tragédia de Dido, Rainha de Cartago), infelizmente uma peça perdida, e possivelmente a primeira parte de Tamerlão. Nesse período, mudou-se para Londres. Marlowe escrevia suas peças para a companhia do Lord Admiral’s Men.
Seu primeiro sucesso em Londres foi “Tamburlaine” (Tamerlão), obra escrita em duas partes, sendo a primeira, escrita em 1587, a única que se consagrou. As peça completa foi publicada em 1588. Porém, não existe o nome do autor em nenhuma edição da época e nenhuma referência a Marlowe, no entanto foi a comparação entre seus trabalhos que comprovou sua autoria.
Morando na capital inglesa, levava uma vida de farras e brigas. Ocasionalmente tinha problemas com as autoridades por causa de seu comportamento violento e de má reputação, e também se envolvia, de vez em quando, em tarefas a serviço de Walsinghan (chefe de espionagem inglesa).
Sua carreira de dramaturgo durou apenas seis anos. Em 1589 foi acusado de assassinar William Bradley e passou duas semanas preso, julgado, ele foi inocentado do crime.
Seu último problema com a lei foi o mais sério: Marlowe foi julgado de ateísmo e impiedade, acusações gravíssimas para a época em que estavam.
Thomas Kyd, que dividia moradia com Christopher, foi preso e também acusado de ateísmo por conta de uma série de documentos achados onde moravam. Sob tortura, Kyd confessou e tais documentos eram do amigo. Mas as piores acusações foram feitas por Richard Bains, um informante de má fama. Ele disse ter conseguido notas feitas por Marlowe para serem apresentadas em uma “conferência ateísta”, e que seriam apresentadas a um grupo de livres pensadores.
O caso foi julgado em 1593 e Christopher foi inocentado, provavelmente pelo fato de ter amigos importantes, como Thomas Walsingham.
Em 30 de maio de 1593, o dramaturgo passou o dia em uma taverna em Deptford na companhia de três amigos: Ingram Frizer, Nicholas Skeres e Robert Poley. Depois de horas de diversão, Marlowe e Frizer começaram uma discussão por causa da conta. Foi ai que Christopher sacou um punhal da bainha de seu amigo e o atacou causando alguns ferimentos em Frizer, que teria tomado-lhe a arma e o atacado na cabeça. Provavelmente o golpe acertou um dos olhos de Marlowe, o que o matou imadiatamente.
Marlowe tinha 29 anos, e até hoje ninguém tem uma alternativa “verdadeira” para o estranho episódio de sua morte.
Sobre suas obras, o dramaturgo inglês produziu não só poesias, mas escreveu também para o teatro: Doutor Fausto (1588), O Judeu de Malta (1588-1589), Eduardo II (1593), Tamerlão (1587-1588) e A Tragédia de Dido, Rainha de Cartago (1587-1593).
Na poesia: Hero e Leandro, e o fragmento O Pastor Apaixonado de Seu Amor.
A obra de Marlowe marcou um estilo e uma época, e sem dúvida influenciou sucessores, como William Shakespeare.
Bibliografia:
Britannica – britannica.com/biography/Christopher-Marlowe&prev=search
Barbara Heliodora – Dramaturgia Elizabetana
Texto por: Gabrielle Risso
Pingback: Edward Alleyn – Teatro em Escala
Pingback: A DRAMATuRGIA Elizabetana – Teatro em Escala