Teatro Brasileiro de Comédia – TBC

Franco Zampari, industrial italiano residente no Brasil por volta dos anos 40, era um amante das artes dos palcos, assim ajudando financeiramente alguns trabalhos de grupos amadores e até apresentando um peça escrita por ele mesmo na sala de sua casa: ” A mulher de braços Alçados”, foi quem, podemos dizer, que deu o ponta pé inicial na profissionalização do Teatro Brasileiro de Comédia.

Ciente da falta de lugar para os grupos teatrais da cidade de São Paulo se apresentarem, Zampari lembrou de uma antiga “promessa” feita aos amadores, a de um teatro para se apresentarem. Foi então levado por Hélio Pereira de Queiroz, membro do GTE, a um sobrado na rua Major Diogo. Alí, meses depois, o sobrado estaria reformado com todas as necessidades de um teatro profissional, com: 365 lugares, almoxarifado de objétos de cena, depósito para cenários usados e móveis de cena, carpintaria e marcenaria, sala de administração, slaa de leitura, duas salas de ensaio e 18 camarins.

Para criar a Sociedade Brasileira de Comédia, que iria administrar a fase profissional do TBC, Zampari aliou-se a mais duzentas pessoas da alta sociedade paulista.
A inauguração do novo teatro da cidade aconteceu em 11 de outubro de 1948, com apresentação de dois espetáculos: La voix humaine, de Cocteau, e A mulher do próximo, de Abílio Pereira de Almeida. Logo depois aconteceram várias apresentações de diversos grupos amadores paulistas. Em 8 de junho de 1949, o TBC inaugura sua fase profissional com a peça: Nick Bar, de William Saroyan com direção de Adolfo Celi.

O GUT e o GTE – Grupo de Teatro Experimental, com seus jovens artistas, que adquiriram experiência com o teatro amador, formaram o primeiro elenco do TBC: Cacilda Becker, Waldemar Wey, Glauco de Divitiis e Cália Biar (saidos do GUT), Abílio Pereira de Almeida, Carlos Vergueiro, Maurício Barroso, Marina Freire, Nydia Lícia e Ruy Afonso (saidos do GTE).

Zampari importa diretores e técnicos da Itália para formar um conjunto de alto nível e repertório sofisticado, além de seguir usando no TBC por muito tempo textos exclusivamente europeus para as montagens do grupo.
Com Celi, encenador italiano, o elenco inicia um longo aprendizado técnico e artístico. Os textos são escolhidos em função das dificuldades técnicas que tinham e também, de olho na bilheteria. Os figurinos tinham tecidos especialmente confeccionados na tecelagem Matarazzo; adereços de cena são forjados em metalúrgicas. Tudo isso dando o luxo e a sofisticação que o público do TBC tanto gostava.

Ralé, de Maximo Gorki – TBC 1951

No final de 1953, o TBC é uma empresa artisticamente consolidada, mas já possui dívidas e a saída de alguns dos seus artistas, como: Madalena Nicoll, Leonardo Villar, o casal Sergio Cardoso e Nydia Licia sai para fundar a Companhia Nydia Licia-Sergio Cardoso. No ano seguinte a crise econômica continua para a empresa de Franco Zampari. Buscando uma saída, ele abre uma “filial” do TBC no Rio de Janeiro, acha que assim conseguirá explorar mais as produções da companhia.No incêndio de 1955, O TBC perde parte dos equipamentos e figurinos, assim a companhia volta com as boas encenações de Ziembinski para Volpone, de Ben Johnson.

Em 1958 fazem uma montagem de sucesso: Um Panorama Visto da Ponte, de Arthur Miller, e no mesmo ano, o Teatro de Arena estréia Eles Não Usam Black-Tie e em 1959 o Teatro Maria Della Costa (TMDC) sobe ao palco com Gimba, dois textos de Gianfrancesco Guarnieri que mostram a realidade brasileira da época. É um novo momento artistico que está se pintando a cena do teatro paulista e brasileiro, e isso acaba atraindo o público, mas Franco Zampari se perde na condução do TBC e a crise que vem passando se torna incontornável.

Em 1959, surge o Teatro dos Sete, formado por Fernanda Montenegro e Sergio Britto (ambos saídos do TBC), Gianni Ratto e Ítalo Rossi. No ano seguinte, Zampari entrega a direção do TBC à Sociedade administradora e a direção artística a Flávio Rangel, não coincidentemente, o primeiro diretor brasileiro a assumir a companhia.
Depois de conseguirem algumas verbas públicas para sanar as despesas, fez-se uma mudança também no repertório da cia, sendo a primeira encenação: O Pagador de Promessas, de Dias Gomes. Assim começa a fase nacionalista do TBC.

O Pagador de Promessas (TBC) – 1960

Com os 16 anos de atividade do Teatro Brasileiro de Comédia e toda experiência adquirida nesse tempo foi consolidado o advento da encenação moderna no Brasil; a profissionalização dos atores; a combinação entre divertimento e cultura, sem que se perca de vista o faturamento da bilheteria; o treinamento e a formação do ator levando em conta o encenador (a visão do diretor); e também o projeto de casa de espetáculos com uma oficina de produção teatral (ateliê, guarda-roupa, marcenaria, arquivo).

Em dezesseis anos, foram levadas no palco da Major Diogo 144 obras, vistas por quase dois milhões de pessoas. 
Há alguns anos foi reformado e voltou a atuar, até ser fechado novamente, permanecendo assim até a presente data (08/03/2021).

Texto por: Gabrielle Risso

Bibliografia
Enciclopádia Itaú Cultural: TEATRO Brasileiro de Comédia (TBC). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo112774/teatro-brasileiro-de-comedia&gt;. Acesso em: 06 de Mar. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
História do Teatro Brasileiro – Volume II – João Roberto Faria

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