Um Olhar sobre: Vianninha

Ator, dramaturgo, roteirista, ensaísta, ativista político e animador cultural. Com o mesmo nome do pai, Oduvaldo Vianna Filho, mas conhecido como Vianninha, nasceu em 1936, no Rio de Janeiro e faleceu em 1974. Atuou profissionalmente no teatro, no cinema e na televisão.
Sua dramaturgia coloca em cheque a realidade brasileira do trabalhador, do homem simples, um dos motivos que o torna uma figura importante no teatro e militancia nacional, assim como os pais: Oduvaldo Vianna e Deuscélia Vianna (O pai: jornalista, dramaturgo, radionovelista; a mãe: radionovelista, escritora e ambos militantes).

Foi em São Paulo que as coisas aconteceram. Em 1953, ingressou na Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie, e cursou até o terceiro ano.
Suas experiências no teatro começam como ator no Teatro Paulista do Estudante, TPE, em 1955. No ano seguinte ingressa no Teatro de Arena de São Paulo, e em 1958, atua em Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, peça que levanta o Teatro de Arena e da início à idéia do Seminário de Dramaturgia, criado para incentivar os membros do grupo a escreverem e a criarem textos voltados à realidade brasileira.

Vianninha é o autor da primeira peça saída do Seminário de Dramaturgia: Chapetuba Futebol Clube.
O foco do texto se concentra em um time de futebol de uma pequena cidade fictícia. Ele usa das relações entre os jogadores de futebol, que são tratados como mercadoria, para falar da realidade brasileira e do problema da solidariedade social diante da busca de sucesso individual. Em Chapetuba a vitória do time também traria a cidade uma revitalização econômica, e nesse contexto entra a decisão em prol de um conjunto, ou do individuo, pois existia uma proposta de “compra” do resultado final, além de lidar com personagens cuja condição é a de explorados e desprovidos de liberdade para decidir o próprio destino.
Com esse texto, recebe os primeiros prêmios de dramaturgia: Governador do Estado e Associação Paulista dos Críticos Teatrais, APCT.

Como o autor se identifica com a questão do movimento operário, cria um elenco para percorrer sindicatos, escolas, favelas e organizações de bairro. Para esse elenco ele escreve: “A Mais-Valia vai acabar, seu Edgar” (texto que mostra a lógica da exploração capitalista) e é o texto de estréia do Teatro Jovem. Dessa atividade surge o Centro Popular de Cultura da UNE – CPC (órgão cultural da União Nacional dos Estudantes – UNE) com o objetivo de conscientizar o público por meio do “teatro revolucionário”.
Já em 1964, com o fim do CPC e o golpe militar, passa a se dedicar também a arte de protesto e participa da fundação do Grupo Opinião, escreve, com Armando Costa e Paulo Pontes, o show Opinião, encenado no mesmo ano. Paralelamente começa a escrever para teleteatro. 

 Ainda em 1966, ganha menção honrosa com Os Azeredo mais os Benevides, que aborda o problema dos trabalhadores rurais sem terra, texto que, no ano seguinte, ganha o concurso de dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro – SNT. Em 1968 ganha o Concurso de Dramaturgia do SNT com Papa Highirte – texto que humaniza um herói negativo, um ditador, abordando-o, no fim da vida, exilado, e com esperanças de voltar ao poder – e é imediatamente censurada. Desliga-se do Opinião e funda o Teatro do Autor, com autores cariocas.

Como um bom militante, durante o período de maior repressão política, Oduvaldo Vianna filho se afasta do teatro popular e começa a escrever peças protagonisadas pela classe média, que se vê encurralada pela situação social. Em 1973, junto com Armando Costa, escreve o seriado para a TV A Grande Família, que fez grande sucesso.

Mesmo internado por conta de um cancêr no pulmão, continua escrevendo, ou melhor, ditando “Rasga Coração”, que fala da psicologia e das relações familiares de três gerações, de Getúlio ao Golpe Militar.
Oduvaldo Vianna Filho morre aos 38 anos, sem ver encenadas duas de suas obras censuradas. Papa Highirte, escrita em 1968, só é montada onze anos depois.

Texto por: Gabrielle Risso

Bibliografia:
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa26597/oduvaldo-vianna-filho
http://portais.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/familia-vianna/oduvaldo-vianna-filho-filho-de-peixe-peixinho-e/

Um comentário sobre “Um Olhar sobre: Vianninha

  1. Pingback: TeE Entrevista: Eduardo Tolentino – Teatro em Escala

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s